segunda-feira, 27 de junho de 2011

Nosso treinador em entrevista ao Região Desporto

Carlos Brasil iniciou a sua carreira como director no Maritimos de São Mateus, e em 2006/2007 mudou-se para o Marítimo do Corpo Santo onde começou a coleccionar titulos, para época seguinte se mudar para uma estadia de duas épocas na Fonte Bastardo.
Já em 2009/2010 voltou ao concelho de Angra do Heroismo para a CP Santa Bárbara e no ano seguinte acompanhou a mudança da CP Santa Bárbara para o SC Barbarense. Carlos Brasil aos 23 anos consegue ter no seu currículo um total de 9 títulos, sendo cinco campeonatos ilha Terceira, um de Iniciados no Marítimo, dois de Juvenis, um na Fonte Bastardo e dois de Juniores, sendo um na Fonte Bastardo e um no SC Barbarense. Sendo sempre vice-campeão Regional nas épocas em que foi Campeão. Possui ainda no seu palmarés quatro Taças Ilha Terceira, sendo que a primeira foi conquistada no Marítimo de Corpo Santo, depois nos Juvenis da Fonte Bastardo, para em seguida voltar a conquistar a Taça pelos Juniores da Fonte Bastardo e finalmente com os Juniores do SC Barbarense. O Treinador do Barbarense possui o curso de Treinador nível II. Esta época finalmente se estreou a treinar uma equipa Sénior, onde conseguiu um quarto lugar no Torneio de Abertura, atingiu os quartos de final da Taça Ilha Terceira e a finalizar o sexto lugar do Campeonato. Aproveitando a pausa antes do inicio da pré-época o regiaodesporto.com esteve à conversa com Carlos Brasil.

Região Desporto (RD). Carlos que balanço faz à época agora terminada?

Carlos Brasil (CB): Apesar do objectivo principal não ter sido cumprido, foi positiva. Fomos muito mais competentes do que tínhamos vindo a ser em época anteriores na altura com a Casa do Povo de Santa Barbara, fomos mais respeitados, mas faltou aqui e ali alguma maturidade. Á excepção do Ernesto, toda a equipa tinha em media 25/26 anos, a maioria deles nunca tinha lutado por títulos, para outros foi foram a primeira vez que jogaram futsal. Poderia ter sido muito melhor, mas não estou descontente pelo trabalho feito.

RD: Quando se viu confirmada a Série-Açores na próxima época a sua equipa estava na luta por um dos lugares de acesso. Era um objectivo para o Barbarense garantir uma vaga na Série-Açores?

CB: Sempre foi objectivo nosso, assumimos isso no início e assumo a responsabilidade por não termos chegado lá. Antes de estar confirmada já tínhamos delineado essa meta, por isso tínhamos que estar mais que preparados.

RD: Mas falhou alguma coisa para não conseguir uma vaga nos quatro primeiros do Campeonato?

CB: Sim sem duvida. Faltou-nos maturidade nos jogos com adversário directos. Se tirarmos os Matraquilhos e a Casa da Ribeira, que fizeram um campeonato à parte, nós e o União Praiense fomos as únicas equipas que nos jogos com as equipas abaixo do 7º lugar não perdemos pontos. Fomos sérios e respeitamos os nossos adversários mostrando a nossa superioridade. Enquanto os outros conseguiram pontos com os adversários directos, nós só conseguimos 6 pontos, frente a AJ Fonte do Bastardo e frente ao GDR na última jornada. Nesses jogos encolhemo-nos e não fomos fiéis aos nossos princípios.

RD: E para os seus jogadores não foi uma desilusão ver a Série-Açores escapar nas últimas jornadas?

CB: Sim, claro que sim. Quanto não se cumpre os objectivos ninguém pode ficar satisfeito. Não só para os jogadores, como para mim e toda a direcção, ainda para mais no início da época assumi que tinha o plantel que quis. Desde do início da época que trabalhamos para atingir esse objectivo, mas não fomos tão competentes como os nossos adversários. Mas a maior prova de confiança e de que acreditam no nosso trabalho foi todos os que nos interessavam renovarem para a próxima época. Espero que o nosso maior reforço seja a continuidade do trabalho já realizado até aqui.

RD: A sua equipa foi o sexto melhor ataque da prova com 104 golos marcados e a sétima melhor defesa com 84 golos consentidos. São números que lhe agradam?

CB: Não… longe disso, principalmente com o numero de golos sofridos. Uma equipa que quer subir para os nacionais não pode sofrer 84 golos. Das sete equipas que lutavam para subir fomos a pior defesa. Por esses números, foi justo não termos conseguido. Em relação aos golos marcados também podíamos ter feito muito melhor…

RD: Mas ao nível defensivo a sua equipa tens alguns aspectos a melhorar para a próxima época. Já identificou o erros?

CB: Sim… faltou-nos competência em certas situações que claro não vou dizer na praça publica. Será a base do nosso trabalho. A baliza também foi um posto que nos deu algumas dores de cabeça. Inicialmente nesse posto tínhamos muita qualidade, mas nunca tivemos estabilidade.

RD: Quem foi o melhor jogador deste Campeonato?

CB: Mário Jorge, foi o primeiro ano que jogou futsal, tem uma capacidade de aliar a sua capacidade técnica e velocidade de uma forma fenomenal, é um líder, trabalha sempre nos limites. Na próxima temporada, vai render o dobro. Não tenho duvidas.
Colocando o Barbarense de parte, o Ricardinho da AJFB, Márcio Toste da Casa da Ribeira pela forma como são extensões dos seus treinadores dentro de campo e comandam as respectivas equipas são também jogadores que admiro.

RD: Que análise faz à classificação final deste Campeonato, olhando para o Campeão e restantes apurados para a Série-Açores?

CB: Casa da Ribeira e Matraquilhos foi um campeonato à parte, tinham mais soluções que os outros. Depois existia 5 equipas para 2 lugares, União, Posto Santo, AJFB, Barbarense e São Carlos. União é a equipa mais experiente por já ter andado nos nacionais, o Posto Santo surpreendeu com muita organização e dinâmica no seu jogo e foi mais regular que qualquer uma das outras 3. Os quatro merecem a subida.



RD: Que analise faz ás quatro equipas apuradas para a Série-Açores?

CB: Embora não conhecendo a realidade das outras 6 equipas, espero que a Casa da Ribeira e Matraquilhos sejam candidatos a uma subida à 2ª Divisão, para bem do nosso futsal. Creio que o Posto Santo e União Praiense têm tudo para fazerem um campeonato regular e ficarem na primeira parte da tabela.

RD: E quais são as suas expectativas para esta primeira edição?

CB: Estaria mais preocupado se lá estivesse. As minhas expectativas tem que estar mais centradas no campeonato da Ilha Terceira, mas espero que tudo corra pelo melhor, e que as equipas terceirenses dominem a competição.

RD: Virando agulhas para a próxima época, Carlos Brasil continuará a comandar o SC Barbarense na próxima época?

CB: Sim… no fim da época fizemos uma analise ao que se tinha passado, e a direcção propôs me que continuasse. Devo tudo ao Barbarense por ter me dado aos 22 anos oportunidade de ser treinador sénior. Nunca esquecerei isso. Eu continuo a acreditar na minha competência e qualidade, tal como a direcção.

RD: E já tem o seu plantel definido?

CB: Sim, praticamente definido. As saídas tão acertadas e entradas vão haver poucas. Vamos ter no máximo 15 jogadores, transitando do plantel sénior do ano passado 10 jogadores, subindo 1 dos juniores, portanto vamos ter apenas 3 entradas. Só seremos 15, se o guarda-redes Ricardo Silva continuar cá na Ilha, pois depende da entrada na Universidade. Quem vier tem que ser mais valia. A formação vai ser uma aposta.

RD: Dado que saíram os quatro primeiros classificados do Campeonato, e depois surgem separados por seis pontos, a Fonte Bastardo, o Barbarense e o GDR São Carlos, nos lugares seguintes e com uma vantagem de 21 pontos para os demais, podemos deduzir que estes serão três dos mais fortes candidatos aos título?

CB: Não sei as movimentações no mercado que essas equipas terão, mas acredito que exista mais alguma equipa que tente lutar pelo título. Sem a Casa da Ribeira, Matraquilhos, Posto Santo e União, o campeonato fica mais homogéneo, haverá mais espaços para surpresas.

RD: Então quais serão os reais objectivos dos seus pupilos na próxima época?

CB: Queremos entrar em todos os jogos para ganhar, será essa a nossa meta, mas para isso teremos que ser muito mais competentes daquilo que fomos, mais trabalhadores, mais maduros, melhorando os nossos pontos mais débeis e potenciar os nossos pontos fortes.

RD: E quem serão os candidatos ao título?

CB: Até ao momento, o GDR São Carlos, o seu treinador já colocou essa fasquia. A AJ Fonte do Bastardo pela a sua história e dimensão também é um forte candidato. Acredito que poderá haver outros com o decorrer da competição.

RD: Mas também se comenta nos bastidores que entraram algumas equipas novas. Tem algum conhecimento sobre estas possíveis equipas que iram entrar?

CB: Pouco. Ainda não tive oportunidade de os ver, mas fala-se no Porto Judeu com uma aposta forte.

RD: Olhando para os quadros de arbitragem da AFAH, como viu o trabalho desenvolvido pelos mesmos esta época?

CB: Na minha opinião positivo. Fomos em alguns jogos prejudicamos mas são humanos, se eu cometo erros, que por vezes influenciam negativamente a equipa, temos que contar com erros da parte da arbitragem. Sempre existiu e vai continuar a existir. Há que trabalhar para reduzir cada vez mais o erro e acho sinceramente que tem sido notório o trabalho no sentido dessa melhoria. Mas creio que a qualidade tem vindo a aumentar tal como a competência, embora exista sempre aqueles que são excepção, mas se comparar com a 5 anos atrás a evolução é notória.

RD: Como analisa a primeira época de Nuno Maciel aos comandos da AFAH?

CB: Creio que extremamente positiva, deu uma nova imagem à AFAH, os clubes sentem que as suas opiniões são ouvidas e apoiadas. Existe maior apoio, maior incentivos a quem trabalha bem e claramente maior organização.

RD: Mas certamente que partilha da opinião de que a AFAH precisa urgentemente de um coordenador somente para Futsal?

CB: Sem duvida, é necessidade rever uma serie de situações, desde dos moldes competitivos, à questão das selecções, embora que com a nova direcção tudo isto melhorou muito. Tem que existir uma quebra entre o Futebol e o Futsal pois a dimensão da nossa modalidade tem crescido de uma forma alucinante. De qualquer forma não pudemos continuar a olhar para o Futsal como o parente pobre do futebol, ou como uma ameaça ao espaço do futebol, tem que existir igualdade de tratamento em ambas as modalidades.

RD: O que pode a direcção presidida por Nuno Maciel melhorar em relação ao Futsal, em época futuras?

CB: Questão das Selecções sem duvida. Trabalhei na formação 6 anos e muitos desses jogadores que me acompanharam durante todo esse tempo acabaram a formação este ano sem ter tido uma oportunidade de terem a motivação de serem seleccionados.
Outra questão ainda mais importante é a formação dos treinadores. Vivemos nos Açores, no meio do atlântico. O acesso à informação está limitado. Na nossa associação não existe nenhuma equipa na primeira divisão, onde possamos ver, acompanhar, aprender com essa referência. A Associação de Ponta Delgada já tem através do Operário. É necessário e precisamos cada vez mais de workshop, clinic’s, acções de formação, e a AFAH tem que ter essa iniciativas, não são os clubes e porque não candidatura à organização da final da Taça de Portugal ou SuperTaça.
Ainda o ano passado tivemos essa iniciativa em ter organizado um workshop com o então seleccionador de futsal, Orlando Duarte, mas isso tem que partir pela parte da AFAH. Um coordenador somente para o futsal poderia pensar nisto.

RD: Os poucos pavilhões existentes na ilha Terceira continua a ser um enorme entrave para a continuação do desenvolvimento da modalidade. Acha que a Série-Açores pode forçar à construção de novos pavilhões?

CB: É necessário essa construção mas com conta, peso e medida. É inacreditável como a nossa equipa levou toda a época a treinar dois dias as 22h, quando é a equipa que mais longe fica do Pavilhão. Tem que existir mais coerência e outra forma de distribuir os horários. As equipas tem que estar unidas e não pensarem somente no seu umbigo. É mais fácil de 2 equipas apresentarem um projecto para um pavilhão, de que cada uma apresentar para si.
Depois os caixotes que foram construídos por ai, deixa muito a desejar. A forma como foram gastos milhões de euros e nenhum deles pode receber competição é duma falta de rigor e organização que não consigo entender nem aceitar.


RD: Virando agulhas para a formação, você a partir de determinada altura da época assumiu também a equipa de Juniores, que acabou por se sagrar Campeão de Ilha. Como foi conciliar os dois cargos?

CB: Adoro trabalhar com a formação. Foi exaustivo mas gratificante. A forma como os atletas se esforçaram para assimilar as mudanças em tão pouco tempo foi extraordinário. A direcção em Janeiro propôs me o lugar pois achava que a equipa podia render muito mais. Prova disso foi que desde de Janeiro até ao fim da época só perdemos um jogo, na Taça de Ilha onde apenas convocamos os jogadores menos utilizados, e onde mesmo assim falhamos 4 livres de dez metros. Foi um trabalho brutal que só não foi concluído com o título regional por mero azar.

RD: E na sua equipa de Juniores existem valores que possam emergir já na próxima época para a equipa de Seniores?

CB: Sim… começando pela baliza. Tanto o Marco Ferreira como o Ricky, que alias este ano já jogava nos seniores, tem potencial para serem referências dessa posição. O Rui Fernandes, o André Mendonça, o José Domingos, o Pedro Barcelos, o Ruben Cardoso e o João Pedro tem capacidade técnica e cultura táctica para serem referencia a curto prazo no escalão sénior. Existe mais, mas falta-lhes maturidade e tem tempo para crescer.
Há depois a questão de sermos insulares, vemos muito dos jogadores partir devido a universidade.
Para o ano, o Marco será incluído nos seniores, tal como o Ricky se ficar por cá. O Rui e o André irão para o Porto Martins mas teremos em conta a sua evolução, pois necessitam de jogar neste momento para evoluírem. Os restantes serão juniores, mas acompanharei a par e passo a sua evolução. Não tenho duvidas que alguns terão a sua oportunidade no escalão principal, se existir trabalho e dedicação.

RD: Mas depois a sua equipa acabou por claudicar no Campeonato Regional onde o Capelense foi Campeão. Acho a equipa do Capelense superior ao SC Barbarense? Ou existiram outros motivos que fizessem com que a sua equipa não conquista-se o almejado titulo?

CB: Discordo da sua frase, não claudicamos. Nem o Capelense nem o Lajense foram nem são superiores ao Barbarense. Fomos a equipa que apresentou um modelo de jogo mais evoluído, com princípios bem definidos e mais competentes. Dos 8 jogadores utilizados, 3 juvenis, 1 deles de primeira época, 1 lesionou-se no aquecimento do primeiro jogo, mesmo assim jogou limitado. Temos mérito no que conseguimos. No primeiro jogo fomos empurrados, com o Lajense, vencemos o jogo por 4-3, mas aos 5/6 minutos de cada parte já tínhamos 5 faltas, quando nas competições de ilha nunca tínhamos atingido tal meta. Tivemos sempre a vencer esse jogo, para alem de não termos materializado o domínio num resultado mais expressivo, a arbitragem foi vergonhosa. Chegou ao ponto do árbitro do Faial perguntar aos jogadores quem tinha feito falta para dar amarelo.
No segundo jogo, começamos a vencer, mas depois o tempo para o nosso lado andava mais depressa, as faltas em caso de dúvida eram sempre para o Capelense e estes aproveitaram e deram a volta para 2-1.
Depois de um desgaste enorme no dia anterior, enquanto o Capelense tinha folgado, demos a volta para 3-2, sofremos o empate e mesmo assim fizemos o 4-3. Tivemos a infelicidade dum auto-golo e dum ressalto para o 4-4, quando na jogada anterior tínhamos uma oportunidade de 2 para 0 para fazer o 5-3 quando faltava minuto e meio para acabar o jogo.
No ultimo jogo, dependíamos do Lajense para sermos campeões regionais. Ao intervalo, estes venciam por 1-0, na segunda parte não sei o que se passou nem quero comentar porque não vi… mas o resultado chegou a estar 8-2, mas no fim acabou por ficar 8-6. Ou seja não fomos campeões regionais por diferença de 1 golo na diferença de golos. Quando iniciamos a competição já sabíamos os moldes desta. Eram duas finais e não podíamos perder qualquer ponto. Não conseguimos por pouco no último jogo.
De qualquer forma, se tal como nos seniores futsal ou na formação do futebol existissem duas mãos, teríamos sido campeões regionais, não tenho qualquer dúvida. Se queremos formar em condições, não percebo os diferentes moldes de apuramento do campeão regional no futebol e no futsal. Existem dois pesos e duas medidas.
Depois o Capelense defrontou o Sporting na Taça Nacional. Tinha sido o prémio merecido para os meus jogadores no último ano de formação da maioria deles.


RD: Mas o balanço da época acaba por ser positivo?

CB: Sem duvida, o Barbarense na formação venceu os primeiros títulos, esteve a um passo de ser campeão regional. Orgulha-me ainda mais ter estado ligado a estes.
Nos seniores, grande parte da época passamos nos 4º primeiros, lutamos por objectivos concretos e ganhamos outra rodagem que não existia, definimos um modelo padrão para o clube e esse vai dar frutos no futuro.

RD: O Barbarense na próxima época apostará ainda mais forte na formação?

CB: À partida o clube fará Juniores e Seniores masculinos, entrando os mesmos dois escalões nos femininos. Existe a possibilidade de um outro escalão, mas ainda não está confirmado. No escalão seniores haverá mais espaço para a formação do clube. O desempenho no regional é imagem da qualidade dos nossos atletas. Não poderíamos ir por outro caminho.

RD: Existe algum assunto que queira ver abordado e que não tenha sido falado?

CB: Quero apenas deixar uma mensagem a todos os que trabalharam directamente ou indirectamente, especialmente as esposas, namoradas e familiares de todos os intervenientes, que muito sofrem com a nossa paixão pela modalidade e clube, durante esta época, em prol do sucesso do nosso projecto. Como diz o nosso capitão, Márcio Mendes, somos diferentes, e a forma como trabalhamos e dedicação empregue por todos é espectacular.

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